11 de jul. de 2007

Conto nº 4 - As palavras de vermelho

Está à beira dA morte! Quase osso sem pele... Não é mais um ser humano. Todo horror descrito aqui é pouco!

Não quero um belo quadro retratando a dignidade da morte. Nada de lirismo!

O Cabelo cai. Os lábios estão rachados, ressecados, descascados. Não bebe água há meses! Relatar não basta.

Tudo é captado pela câmera, instalada estrategicamente em cima de um tripé, à direta da porta de entrada. Toda noite, religiosamente, no mesmo horário, o cara cumpre sua rotina diária de entrar naquele micrometroquadrado e verificar o funcionamento do suporte. Um dia fora uma jovem de quinze anos, agora é nada... é coisa que será enterrada. Todo processo de deterioração de sua vida vem sendo registrado minuto a minuto. Vida real? Entrava sempre com uma máscara, pois o forte cheiro de putrefação era insuportável. Não há forças para rastejar... Não se esforça mais. Não tem mais voz. Implora com o olhar. Seus últimos minutos de vida estão sendo filmados. A imagem capta tudo. Reality show! Morte sem violinos. Não há mais forças pra chorar... Olha pra câmera. Entregara-se. Desespera-se. Boca seca. Rosto pálido, sem cor, cadavérica. Show da vida! Morta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário