13 de jul. de 2007

Conto nº 7 - Você me entende?

vamos supor se eu concluo o texto ELA dirá com certeza que eu escrevo rebuscado por que os outros textos que lera do mesmo autor ou seja EU também são rebuscados complexados desanimados desalinhados acanhados abobalhados desmiolados cujas refências são os autores clássicos que cansara de citar anteriormente consequentemente idiossincraticamente ultimamente no que o poeta escreve e escreve e rabisca as suas paixões no papel ele se depara com uma causa grave o grande amor da sua vida está ali descrito de forma idêntica às situações que vivenciaram no passado o poeta deleta retocando a maquiagem nas esferas públicas e púbicas mas ELA sabe e sabe TUDO da vida do poeta o poeta pára pensando puta que pariu porque pensei publicar a porra desse pedido peculiar e ao terminar de ler aquele abandono aquele pedido de ajuda tão sofrido coitadinho tadinho inho com certeza soltará uma gargalhada violenta e vultuosa que a primeira atitude vulvástica do autor será arrumar sua papelada e ir embora então de onde tirarei inspiração para escrever como fazer com que aquilo tão vivido intensamente não se pareça automaticamente tão obvio eu quero parecer que tudo é novidade ou não que as emoções são frescas como uma fruta colhida do pé ou não por mais que o amor seja conhecido por todos todos não o conhecem sob o meu ponto de vista sim mas ao acabar de ler ELA pode dizer que a cena romântica entre os dois personagens é ridí CU la mas será que ela na vida dela tão magrela nunca foi ridi CU la ufa que alívio e na calmaria da noite o poeta volta a enfrentar o papel

Conto nº 6 - A janela da frente

Eu suspeito que há ali, dentro daquele ser, uma aparente e falsa sensação de felicidade.

Não, eu não sou um pessimista com relação à vida. Gosto e confio ainda no ser humano (???). Porém, olhando para ela, examinando-a clinicamente, percebo que naquele rosto, irraidando alegria, esfuziante de completa liberdade e obsenidade, há uma rusga de sofrimento, de dor, cansaço e outros tais que sua aparência deixa às claras, mas a força com que faz pra escondê-las é muito maior. Eu a admiro de longe, junto aos outros.

"Da janela do meu quarto acompanho cada passo seu como um capítulo de romance e posso descrever com detalhes cada movimento de sua vida que você própria não daria conta".

Porque chora, encostada à porta do seu quarto, escondida dos seus amigos, todos contentes na sala à tua espera? Por acaso não és lutadora, que corre atrás para conseguir o que queres? Não era essa a vida de liberdade que sempre quis ter e agora tens de mão beijada? O que é que te falta?

São tantos os percalços... Espero que você preste mais atenção em si mesma. Enquanto isso, recomponha-se, volte para junto de seus amigos, de seus companheiros de farra e tente divertir-se com eles.

Estarei aqui te vigiando. Cada passo, atitude, gesto, tudo que venha de você.

Conto nº 5 - Dois textos tolinhos, de fácil digestão, escritos no dia 22/06/2004.

12h45min.
O meu mal é não ter coragem... É esperar por um sinal qualquer: uma palavra, um toque, não sei. Minha vontde é de te ter por preto, sem intromissão de ninguém. Estou à espreita de uma brecha para atacar. Fico tolhido as vezes, mas me mantenho firme. Já percebi que vai ser assim até a morte. Há uma muralha intransponível entre nós. A culpa é sua! Você permitiu o "algo mais". Preencher o vazio agora é necessário: Leio três livros ao mesmo tempo... Eu tenho a febre da inquietude. Sou tomado pelo desejo do querer. O que eu quero... você.

1h48min.
Amar os livres, os amantes da vida. Castigo!
"Eu sou uma folha que voa num dia de vendaval. Não sei em que bosque cairei nem quando serei varrido. Minha vida é um eterno improviso, sem rotinas. Me governo sem rédeas, pois não conheço os limites. Eu sou o meu pai e a minha mãe. Hoje estou aqui: Você me beija, me toca, me chupa. Amanhã... Esqueça! Se tenho medo? É dessa idéia claustrofóbica de ser prisioneiro. Como estou, está bem. Como estamos, está bom! Não quero te magoar, por issso, não vou te ligar. Eu sou livre, sou amante, sou a vida".
Amar?

11 de jul. de 2007

Conto nº 4 - As palavras de vermelho

Está à beira dA morte! Quase osso sem pele... Não é mais um ser humano. Todo horror descrito aqui é pouco!

Não quero um belo quadro retratando a dignidade da morte. Nada de lirismo!

O Cabelo cai. Os lábios estão rachados, ressecados, descascados. Não bebe água há meses! Relatar não basta.

Tudo é captado pela câmera, instalada estrategicamente em cima de um tripé, à direta da porta de entrada. Toda noite, religiosamente, no mesmo horário, o cara cumpre sua rotina diária de entrar naquele micrometroquadrado e verificar o funcionamento do suporte. Um dia fora uma jovem de quinze anos, agora é nada... é coisa que será enterrada. Todo processo de deterioração de sua vida vem sendo registrado minuto a minuto. Vida real? Entrava sempre com uma máscara, pois o forte cheiro de putrefação era insuportável. Não há forças para rastejar... Não se esforça mais. Não tem mais voz. Implora com o olhar. Seus últimos minutos de vida estão sendo filmados. A imagem capta tudo. Reality show! Morte sem violinos. Não há mais forças pra chorar... Olha pra câmera. Entregara-se. Desespera-se. Boca seca. Rosto pálido, sem cor, cadavérica. Show da vida! Morta.