9 de jul. de 2009

Crítica - Som e Fúria: qualidade e diversão garantidos

Há quanto tempo que eu não me entusiasmo com um trabalho produzido para televisão! Põe tempo nisso... Este SOM E FÚRIA, que está sendo exibido atualmente na Globo, me motivou a assistir televisão novamente! Me fez olhar para o relógio, nesta quarta feira à noite, e desejar a morte de todos os jogadores de futebol e de todos os narradores esportivos - principalmente daquele chato-mor, que acredita carregar em sua voz, o grito emocionado do brasileiro médio e semi-alfabetizado - ávido para que aquela transmissão acabasse logo, e que eu pudesse assistir ao seriado, sentado na minha cadeirinha, beliscando umas azeitonas, ou, à moda Hommer Simpson, relaxando e bebendo uma cervejinha, sem me importar com frio que tem feito ao caír da noite... É a primeira vez que vejo Shakespeare sendo tematizado na televisão, e vou mais além, nunca vi a dureza, os transtornos, a vaidade, as frustrações, tudo que circunda a estrutura do fazer teatral sendo representado na sua integridade, na sua inteireza, sem falsas representações. A linguagem do seriado, na simplicidade com que o enredo é conduzido, sem hermetismos de estilo (ao contrário das últimas produções dramaturgicas exibidas no horário) permite que se faça televisão no teatro e vice-versa, encerrando no Teatro Municipal de São Paulo a metáfora do palco como mundo contemporâneo, onde todos os personagens-atores se preparam para encenar Hamlet. Felipe Camargo brinca em cena. Está mais do que claro que este é um dos grandes papéis de sua carreira. Aliás, o elenco desta microssérie foi escolhido à dedo.Som e Fúria é o grito pela renovação do repertório televisivo, que insiste em nos empurrar, guela abaixo, as mofadas e engessadas novelas (sombras ambulantes, histórias contadas por idiotas) em seus tradicionais horários e que nada significa.

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